Talvez as águas dos meus rios tenham desviando-se e uma parte de mim foi junto, deixando a outra oca; sem pensamentos, pois não podem pensar; pra não magoa a outra parte que é permanente; Minha, tua, nossas presenças; será que tudo não passou de um sonho inventado; que nem era arte; nem ficou nas lembranças; hoje sou um espírito inquieto que caminha rumos incertos; entra; mas nada chega perto de nada; esse vazio continua e as perguntas nunca terão respostas; pois o tempo nem ele as dará; para que eu poupe-me a multidão da estranheza de uma farsa desmitificada; que hoje nem conta e muito menos canta; não se espanta; suporta às vezes o sorriso que eu precisa; mas quem sabe o amanha; nada é pra sempre; principalmente os enganos; atraí-me ainda o meu ardor e a paixão obsessiva dos intelectuais e seus desejos de vida seduzem-me; já num falo mais nem de amores e muito menos das paixões todas deixaram rastros; mas ficaram pra trás; afetuosamente deliro e debruço-me sobre amizade do passado e passadas; não as tive; pois quem as tem não perde; hoje nem sei se foram verdadeiras; o amor encoberta o caminho da amizade surpreende-se sem resposta; e as respostas dadas jamais foram minhas; eu surpreendi-me de tantos silêncios; interpor-me entre ser e estar eu tinha certeza existia na angustia do isolamento e das meias palavras: temia; melhor que mil palavras são as palavras saídas do silencio e dos atos; hoje esquecidos; que lição de vida; sem culpa caminho entre a estranha realidade e a pura verdade que eu sei; já não arrasto pensamentos fantasiosos; mas sinto ainda tantos sentimentos contraditórios, não saber mais em quem confiar; verdades que nunca foram ditas e nem reconhecidas; e a suave ilusão que passaria; não rompi com o passado ele rompeu comigo por um engano; e persegue-me muitas vezes; a quantidade abusiva de sentimentos hoje acho-os vis e vãs; embriago-me com presente; sem pensar que ontem que já foi; olho pra o que amanha poderá dizer algo quem sabe; só sei que existo; isso já é muito pra quem um dia passou despercebida; ninguém pode nasce outra vez na mesma vida; por isso esta ainda é a minha cara...
Céu
13/03/2009
