domingo, 8 de março de 2009

Fumaç/AR



Ele aprendeu olhando as pedras na calçada; e restos de sombras que passavam enquanto consumia mais de quarenta cigarros que acumulava-se pelo chão; de tanta tristeza, solidão, rabiscava uns versos; e convivia com eles como se fossem velhos amigos; soltava fumaça de um cigarro sempre no canto da boca preso aos dentes; embriagava-se e achava que a sacada do hotel era o sanitário aberto ao publico com direito a exposição, grande performance; mas sabia que existem os que já nascem bêbados desde a primeira vez que sugar o peito materno ele já sentiu o prazer adocicado de uma caipirinha; e bêbado fica como líquido na garganta engasgando-se ate tornarem-se maravilhosamente líquido e viscoso; ele enfiava o dedo no nariz tal qual anjo matreiro malicioso; encharcava-se de cachaça; intoxicava-se de nicotina; vida e amigos; contava as estórias do seu belíssimo Jerico Alado; e tirava a casca das feridas e ainda as comia como se foste à hóstia ofertada nos domingos de comunhão; cultivava uma belíssima úlcera visceral; dor da sua própria existência; agregava-se; por entre as sombras que lhe restavam; anda farto de moradias certas; preferia os puteiros eram mais divertidos; dividir o leito com mais de seis pernas parecia-lhe gostoso e divertido; era um magistral DEUS FETO iluminado; pois acha-se pequeno demais pra ser homem; e grande demais pra ser uma criança; mas sabia que era admiravelmente sedutor por isso um grande amante e enganava bem; nem menino e nem homem; um dia sua face em uma madrugada qualquer; especialmente naqueles dias de sábado; madrugada vindo; ele de tantas outras madrugadas frias; seu rosto congelou pra sempre; e trazia um sorriso nos lábios e um gesto obsceno em um dos dedos da mão direita; eu nunca imagine seria a direita, pois sempre andou aquele cidadão pelas bocas e pelas esquerdas...
Céu



07/03/2009