sexta-feira, 11 de junho de 2010


- "Quantos livros temos agora Demétrio?” -



Era uma pergunta que Ptolomeu I, faraó do Egito, fazia requentemente e que, como Demétrio sabia, seria seguida por outra, fosse qual fosse à resposta:
 "E isso são todos os livros do Mundo?”
 "Não meu senhor.”
 "Mas temos de tê-los todos, todos!”
Antigo general de Alexandre, o Grande, e seu guarda-costas pessoal, Ptolomeu tomou o poder no Egito depois da sua morte em 323a.C.. Além de grande chefe militar do Mundo e governante de um reino poderoso, Ptolomeu, queria também conquistar o mundo do conhecimento.
Construiu uma biblioteca para conter tudo o que tivesse sido escrito no Mundo. A cidade de Alexandria, fundada por Alexandre em 332a.C., era o principal centro político e comercial do antigo império Greco-macedónio, que se estendia do oceano Índico ao Mediterrâneo, e Ptolomeu decidiu transformá-la na capital cultural do Mundo.
Foi encarregue de criar um grande núcleo bibliográfico, Demétrio de Farelo, um erudito grego. Enquanto Ptolomeu escrevia a imperadores, reis e príncipes, pedindo-lhes que enviassem os livros dos seus países, Demétrio mandava agentes comprar livros no estrangeiro.
Todos os navios que entravam no porto de Alexandria eram revistados em busca de livros, e os que eram encontrados eram copiados por escribas. As cópias eram devolvidas e os originais ficavam em Alexandria.
O grande empreendimento prolongou por muitos anos, tendo sido no reinado de Ptolomeu II, encarregue o poeta Calímaco de catalogar o acervo da biblioteca. Registraram 90 000 manuscritos originais e 400 000 cópias, havendo mais 42 800 rolos armazenados numa biblioteca mais pequena.
Ptolomeu III pediu emprestados a Atenas os manuscritos originais das peças de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, devolvendo cópias.
Contudo, a imensa seleção da biblioteca não chegou aos nossos dias. A sua destruição é um fato envolto em mistério.
Segundo uma teoria, a biblioteca foi incendiada em 47a.C., durante o conflito entre Ptolomeu XII, sua irmã Cleópatra e Júlio César. O exército romano terá incendiado a frota de Ptolomeu, e as chamas alastradas aos edifícios da margem e á biblioteca.
Em 391d.C., pelo menos parte do anexo da biblioteca foi reduzida a escombros, quando o imperador Teodósio I ordenou a destruição de templos pagãos e outros edifícios.
Outra versão é a de que a biblioteca terá sido destruída quando os árabes tomaram Alexandria, em 646. Para os vencedores, muçulmanos, o verdadeiro conhecimento estava contido no Alcorão, pelo que todos os outros livros deveriam ser queimados.
Diz-se que os livros serviram de combustível, durante meses, para aquecer os banhos públicos.