quarta-feira, 28 de outubro de 2009




DIA DE CONFRATERNIZAÇÃO

Hoje decretaram feriado no céu; abriram-se as portas até então lacradas, pros anjos; pros santos; pra o filho; pros espíritos e pro pai quem chamamos todo-poderoso: hoje na terra abriram-se as porteiras das fronteiras entre os limites do Céu e do Inferno e saltaram todos os espíritos enjaulados; feras; bestas; demônios; e a terra que já anda em fogo e brasa; esta em festa, nada existe de desesperador só uma grande e eterna luz que vem das vozes; depois vamos ver se o mundo vai virar sal; argila; estatuas, ou se nadaremos em rios de sangue; mas não somos argilas que moldamos peça a peça como se fora arte a um passo da perfeição; somos a imperfeição na sua mais profunda e em eterna construção; nem do barro nem da terra; somos todos fingidores de uma vida que nada tem de tão glamorosa, quando não aceitamos que o que dizem é verdade; então eu digo para mim, nada na vida é tão rara e me é tão cara; perdi a conta de quantas vezes pedi a calma, perdi a mão, perdi-me de mim, perdi a calma; adoço a língua para não perder a doçura da alma que nunca foi doce; não sai perdendo e nem ganhando; nem também como entrei na vida e a vida em mim, atira-me e joga-me na cara que a vida é muito cara; sonsa, besta feroz, fera escondida; solto eu; soltava todos; e o mundo com certeza não será só uma festa; nadaremos no nosso próprio sangue e não pedimos apenas um pouco mais, mais bem mais além, recuso-me e saio na flauta; enquanto a vida finge que a loucura é normal na vida que é nada e pode ser tanto; não espero da vida o que ela já não espere de nós.
Céu
28/10/2009